segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O vendedor de cachorro-quente e a crise




Retirado do blog Bodega Cultural.


Conta uma historia que durante a grande depressão mundial pós-segunda guerra, um senhor, surdo e mudo, do interior do Ceará, resolveu montar seu próprio negócio, um carrinho de cachorro-quente para ajudar no sustento da família. Ali não havia jornais impressos e as únicas notícias sobre aniversários, batizados, casamentos, notas de falecimento e os prejuízos causados pela grande guerra, eram transmitidas num amplificador de voz chamado "radiadora", modelo Delta, pendurada num poste, no meio da Praça.

Havia um filho seu morando na Europa, que sempre mandava alguma quantia para ajudar, mas devido à crise financeira não o fazia há tempo.
Numa carta ao Pai, lhe perguntou o que estava fazendo para sobreviver diante de tamanha crise e este lhe respondeu que não se preocupasse, pois havia montado um pequeno negócio, um carrinho de cachorro-quente e que o negócio ia de vento em polpa.

O filho não acreditou na história do pai e enviou outra carta perguntando como era possível, numa crise daquela proporção, um investimento ir de vento em polpa numa cidade do interior do nordeste.

O pai, sem saber da crise, respondeu que estava indo tudo tão bem que ampliara o negócio e já contava com dois carrinhos. Finalizou dizendo que estava pensando em vender umas vaquinhas para encomendar outras três unidades, por conta do grande sucesso das vendas.

O filho, muito preocupado e sem querer acreditar, envia-lhe outra carta explicando, detalhadamente, o porquê que ele estava errado com seu otimismo. Que a economia global estava quebrada, havia desemprego em massa, fome e miséria. O mundo estava enfrentando uma grande depressão e pedia-lhe que não investisse o que já tinham conseguido num negócio sem futuro, porque, mais cedo ou mais tarde, a crise se abateria na cidadezinha e eles ficariam numa situação pior do que a que estavam.

O pai, surdo e mudo, não escutava as noticias pessimistas transmitidas pela difusora local, por isso, não tinha ciência da gravidade do fato. Mas depois da carta que o filho lhe enviara explicando tudo, resolveu se desfazer do negócio. O velhinho não mais saiu de casa e parou até de sorrir por causa da grande depressão que o mundo estava enfrentando, muito pior que a seca do quinze.

Quem tiver juízo não dê ouvidos à nossa mídia. Eles não escrevem nada que não seja pessimismo, crises, e outras baboseiras agourentas.

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